Resumo

Introdução: A abordagem clássica para o tratamento de um cisto odontogénico passa pela sua enucleação. O osso mandibular tem uma enorme capacidade regenerativa, contudo uma das principais preocupações são os defeitos ósseos residuais. Em lesões císticas de grandes dimensões a descompressão ou marsupialização podem ser requeridas previamente. O objetivo deste relato de caso é demonstrar a importância do diagnóstico diferencial de lesões císticas de grandes dimensões e as vantagens da utilização de técnicas de descompressão para o seu tratamento. Descrição do caso clínico: Homem de 57 anos, sem antecedentes médicos de relevo foi referenciado por uma lesão cística de grandes dimensões localizada no quarto quadrante da cavidade oral. O doente encontrava- se assintomático e objetivamente denotou-se um abaulamento vestibular de consistência dura no setor posterior da hemimandibula direita. A ortopantomografia inicial confirmou a presença da lesão e a sua associação com o dente 48 incluso e raiz distal do dente 47, bem como um cálculo aparentemente na dependência da glândula submandibular esquerda. A biópsia incisional confirmou o diagnóstico de cisto odontogénico inflamatório. Simultaneamente foi colocado um tubo de descompressão que permaneceu patente durante 9 meses, permitindo a diminuição significativa da área radiolucente e formação de osso trabecular. Decorrido esse período, procedeu- se à enucleação da lesão e extração dos dentes 47 e 48. O controlo radiográfico realizado aos 12 meses demonstrou a resolução total do cisto odontogénico. Discussão e conclusões: Para o tratamento de cistos odontogénicos de grandes dimensões, a descompressão previamente à enucleação parece ser uma alternativa adequada. Trata-se de uma primeira abordagem conservadora que não só permite uma diminuição progressiva da lesão e regeneração óssea gradual como também salvaguardar a integridade de estruturas anatómicas adjacentes.