Revista Portuguesa de Estomatologia, Medicina Dentária e Cirurgia Maxilofacial
XLII Congresso Anual da Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentária (SPEMD) Figueira da Foz, 13 a 15 de outubro de 2022 | 2022 | 63 (S1) | Page(s) 16-17
#037 Cirurgia Ortognática e condilectomia no tratamento de uma hiperplasia condilar unilateral
Article Info
Rev Port Estomatol Med Dent Cir Maxilofac
Volume - 63
Supplement - S1
Pages - 16-17
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Article History
Received on 13/10/2022
Accepted on 13/10/2022
Available Online on 13/10/2022
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Resumo
Introdução: A hiperplasia condilar unilateral é uma patologia caracterizada pelo crescimento anómalo, progressivo de um côndilo, ramo e corpo mandibular causando assimetria com impacto relevante sobre a função oral, oclusal e estética facial. A doença surge durante a fase de crescimento sendo a sua etiologia ainda desconhecida, mas resulta de uma atividade hipermetabólica do centro de crescimento do côndilo afetado. Descrição do caso clínico: Paciente do sexo feminino, 18 anos, com queixas relativas à assimetria facial, bruxismo noturno e dor articular. Clinicamente apresentava assimetria facial caracterizada por um discreto prognatismo mandibular com laterognatia direita e dor capsular bilateral. Observou- se radiograficamente um alongamento da hemimandíbula esquerda desde o côndilo até à sínfise mentoniana. A cintigrafia revelou hipercaptação do radiofármaco 99mTc-MDP ao nível do côndilo esquerdo validando o diagnóstico de hiperplasia ativa do côndilo esquerdo do tipo alongamento hemimandibular. Para o tratamento foi preconizada fisioterapia, seguindo16 rev port estomatol med dent cir maxilofac. 2021;63(S1):1-52 ?se a colocação de aparelho fixo maxilar e mandibular uma semana antes da fase cirúrgica. Foi efetuado o planeamento virtual tridimensional do tratamento cirúrgico com impressão das respetivas férulas. Realizou- se a cirurgia ortognática combinada com uma condilectomia alta iniciando- se pela osteotomia Le Fort I de avanço maxilar e impactação diferencial para correção do canting, seguida da condilectomia esquerda por via aberta pré? auricular e finalizando com osteotomia bilateral sagital mandibular. A fase ativa do tratamento ortodôntico prolongou- se por 18 meses tendo-se alcançado um resultado estético facial, oclusal e funcional muito satisfatório. A paciente encontra-se com cinco anos de seguimento clínico revelando uma boa estabilidade do tratamento. Discussão e conclusões: A opção terapêutica para o caso clínico exposto está adequadamente fundamentada na literatura. Contudo, o benefício cirúrgico antecipado depende de uma boa estabilidade oclusal prévia assegurada também por adequadas inclinações dentárias em relação aos planos maxilares correspondentes, condição esta existente no caso apresentado. O tratamento da hiperplasia condilar é controverso, contudo, a condilectomia assume-se como uma possibilidade terapêutica segura e eficaz com reduzidas sequelas articulares e funcionais. Um diagnóstico adequado assumido por uma equipa multidisciplinar são fatores chave para garantir a estabilidade terapêutica.