Resumo

Introdução: O adenoma pleomórfico é o tumor benigno das glândulas salivares mais comum, este é originário das células rev port estomatol med dent cir maxilofac. 2021;63(S1) :1-52 15 ductais e mioepiteliais. Representa cerca de 33?41% dos tumores das glândulas salivares minor, localizando-se mais no palato (50- 60%) seguindo- se o lábio superior e a mucosa bucal. A ocorrência no lábio inferior é pouco comum, constituindo menos de 3% de todos os adenomas pleomórficos intraorais. Descrição do caso clínico: Apresenta-se um caso de um doente com 33 anos, do género masculino, sem antecedentes de relevo, medicação habitual ou alergias medicamentosas, que recorreu à consulta de Estomatologia referenciado pelo seu médico de família por uma tumefação no lábio inferior. O estudo ecográfico revelou uma lesão nodular bem delimitada a traduzir provável quisto de retenção glandular. A lesão teria uma evolução de cerca de dois anos, com aumento progressivo no último ano, sem causar sintomatologia. Ao exame objetivo, tratava-se de um doente com bom estado geral e sem adenomegalias cervicais palpáveis. Intraoralmente apresentava dentição definitiva tratada com uma higiene oral razoável, mucosas coradas e hidratadas apresentando uma lesão nodular exuberante no lábio inferior à direita com cerca de 1,5 cm de maior diâmetro, de consistência duro- elástica, não aderida aos planos profundos e bem diferenciada. A lesão era indolor na palpação e sem alterações da mucosa. Perante este quadro, foram equacionados vários diagnósticos diferenciais como mucocelo, fibroma, lipoma, neurofibroma ou tumor de glândulas salivares. Para esclarecimento diagnóstico, foi realizada uma biópsia da lesão sob anestesia local. A análise anatomopatológica revelou tratar-se de um adenoma pleomórfico. Discussão e conclusões: No presente caso clínico, apesar de o estudo ecográfico levantar a hipótese de um mucocelo, outros aspetos poderiam ser indicativos de um adenoma pleomórfico, tais como as características ao exame objetivo (nomeadamente a consistência duro- elástica) ou a evolução indolente ao longo de dois anos. A localização incomum para esta entidade obriga a descartar outras hipóteses diagnósticas. A biópsia é essencial para o diagnóstico e tendo sido excisional, acabou por ser o tratamento recomendado, que consiste na remoção cirúrgica da lesão. O doente deverá manter seguimento pelo menos 5 anos para descartar possíveis recidivas.