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Revista Portuguesa de Estomatologia, Medicina Dentária e Cirurgia Maxilofacial

XLII Congresso Anual da Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentária (SPEMD) Figueira da Foz, 13 a 15 de outubro de 2022 | 2022 | 63 (S1) | Page(s) 11


#024 Queilite Actínica: Abordagem precocena prevenção de transformação maligna





Volume - 63
Supplement - S1

Pages - 11
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Received on 13/10/2022
Accepted on 13/10/2022
Available Online on 13/10/2022


Introdução: O carcinoma do lábio é uma das 20 malignidades mais prevalentes em Portugal – 1103 novos casos/ano. A Queilite Actínica (QA) é uma lesão potencialmente maligna com possibilidade de progressão para Carcinoma de Células Escamosas (CCE) entre 10- 30%. Descrição do caso clínico: Mulher, 66 anos, insuficiente renal crónica, fotótipo de Fitzpatrick II, não fumadora, sem história de consumo de álcool, foi referenciada para avaliação Estomatológica pré-transplante renal. Apresentou, na primeira observação, lesão branca na linha média do lábio inferior com 7 anos de evolução, em placa, pruriginosa, com episódios recorrentes de ulceração. O diagnóstico anatomopatológico após biópsia incisional revelou elastose do córion, sem displasia. 10 meses depois, apresentou descoloração esbranquiçada difusa do lábio inferior com apagamento da junção mucocutânea do vermelhão. Foi proposta para vermelhectomia por técnica clássica. O exame anatomopatológico da peça revelou alterações regressivas, com displasia ligeira multifocal. No pós- operatório, as funções labiais e estéticas foram mantidas. Recomendou- se o cuidado com a exposição solar. Discussões e conclusões: A QA é uma lesão comum no lábio inferior associada à exposição crónica de radiação ultravioleta. Outros fatores de risco incluem fotótipo de Fitzpatrick I- II, tabagismo, alcoolismo e imunossupressão. É mais frequente em homens caucasianos com idade superior a 50 anos. O diagnóstico é clínico e histopatológico. Clinicamente caracteriza- se por áreas de eritema, atrofia, edema, descamação, erosão e, em casos avançados, placas brancas, descoloração mucosa e apagamento da transição do vermelhão labial. Histopatologicamente caracteriza- se por atrofia epitelial que pode evoluir para atipia citológica com extensão à lâmina própria. As modalidades de tratamento são cirúrgicas e não- cirúrgicas. A vermelhectomia é a única opção terapêutica que permite a confirmação de margens livres de doença e exclusão de transformação displásica ou neoplasia subjacente, na peça excisada. A eficácia do tratamento é de cerca de 100% com baixas taxas de recorrência. A avaliação destes doentes após tratamento deve ser regular- a cada 6 meses nos primeiros 2 anos e anualmente após esse período. Neste caso, os antecedentes médicos da doente e necessidade de cirurgia seguida de imunossupressão motivaram uma intervenção ´curativa” antecipando o potencial maligno da lesão inicial, com necessidade de uma abordagem invasiva posterior.


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