Resumo

Introdução: A etiologia das massas laterais do pescoço é diversa, incluindo alterações de desenvolvimento (quisto branquial), de origem infecciosa (linfadenite, tuberculose, sialadenite), neoplásica (metástase, linfoma, tumor salivar, paraganglioma) entre outros. A abordagem diagnóstica destas lesões implica uma anamnese, exame físico da cabeça e pescoço, exames de imagem e a biópsia. Os exames de imagem permitem obter detalhes específicos da localização anatómica, composição da massa, envolvimento adjacente, vascularização e potencial fonte primária de malignidade na região, mas por vezes o diagnóstico só é possível após excisão. Descrição do caso clínico: VR, 18 anos, masculino, recorreu ao serviço de urgência Estomatologia do CHULN por crescimento progressivo de tumefação cervical direita, com meses de evolução. Referia episódio anterior de linfadenite cervical 3 anos antes, com persistência de nódulo à direita após tratamento conservador. Sem outros antecedentes. À palpação apresentava nódulo elástico de limites bem definidos móvel na transição da região submandibular e jugulo-digástrica direita, indolor. À ecografia apresentava lesão hipoecóica lobulada de limites bem definidos, localizada posteriormente à glândula submaxilar. O exame era compatível com os antecedentes referidos. Dada a incerteza diagnóstica realizou TC pescoço para esclarecimento. Este revelou lesão quística, de limites bem definidos com topografia a sugerir eventual quisto do segundo arco branquial. Tendo em conta os possíveis diagnósticos foi realizada enucleação da lesão. O resultado anatomopatológico revelou tratar- se de um adenoma pleomórfico extraglandular. Discussão e conclusões: Os exames de imagem são fundamentais no diagnóstico de massas cervicais. A TC de pescoço deve ser o exame de eleição. A ecografia é uma boa alternativa para uma abordagem inicial por ser menos invasiva, podendo ainda servir para guiar uma biópsia aspirativa. A TC do pescoço é excelente em doentes com suspeita de doença maligna, ou naqueles com possível envolvimento dos espaços profundos do pescoço, mal visualizados por ultrassons. Este caso clínico retrata como casos atípicos podem representar um desafio diagnóstico. Importa salientar que a maioria das características imagiológicas das lesões não são específicas. Como tal, o diagnóstico definitivo na maioria dos casos depende da realização de exame citológico após biópsia aspirativa da lesão, de forma a determinar qual a abordagem terapêutica mais adequada.