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Revista Portuguesa de Estomatologia, Medicina Dentária e Cirurgia Maxilofacial

XLII Congresso Anual da Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentária (SPEMD) Figueira da Foz, 13 a 15 de outubro de 2022 | 2022 | 63 (S1) | Page(s) 7


#015 Cancro oral, quando tudo conta





Volume - 63
Supplement - S1

Pages - 7
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Received on 13/10/2022
Accepted on 13/10/2022
Available Online on 13/10/2022


Introdução: O cancro oral é uma das 10 neoplasias mais comuns no mundo. O carcinoma espinhocelular é o tipo mais comum e tem como principais fatores de risco o tabagismo e a ingestão alcoólica. Contudo, estes não serão únicos, com a literatura a referir outras etiologias subjacentes como o HPV ou a imunossupressão (comumente presente em doentes transplantados). Descrição do caso clínico: Homem, 52 anos, referenciado ao serviço de urgência de um hospital terciário por apresentar lesão oral ulcerada, com um mês de evolução e já submetida a biópsia incisional, cujo estudo anatomopatológico revelou 2 carcinomas espinhocelulares síncronos. Ao exame objetivo constatou- se lesão vegetante vestibular no 4.º quadrante, com 5 cm de maior eixo, e adenopatias cervicais palpáveis. Como antecedentes relevantes o doente apresentou vasculite ANCA PR3 com atingimento orgânico, a qual condicionou a realização de um transplante renal 14 meses antes, artrite reumatóide e hábitos etílicos ligeiros e tabágicos (15UMA), já cessados. Farmacologicamente, registou- se a toma crónica de corticosteróides, a qual se fazia acompanhar, desde o transplante, de inibidores da calcalcineurina (tacrolimus) e da linhagem branca (micofenolato de mofetilo). Após realização de TC cervical e torácica, estadiado como T2N2cM0, o doente foi submetido a mandibulectomia marginal, com esvaziamento ganglionar cervical bilateral e reconstrução com retalho nasogeniano, e traqueotomia de proteção. O estudo anatomopatológico da peça operatória confirmou o diagnóstico inicial, embora apresentando comprometimento das margens e crescimento ganglionar extracapsular, com reclassificação do estádio para T4N3R1. Foi preconizada terapêutica adjuvante, porém, antes que esta tivesse sido iniciada, o doente apresentou rejeição aguda do transplante renal e recidiva ganglionar cervical de aparecimento rápido, seguida de exuberante reação leucemóide (cujas suspeitas recaíram sobre a disseminação neoplásica e/ou infeção). Sem condições para a implementação de qualquer terapêutica de resgate, registou- se o óbito do doente. Discussão e conclusões: Os doentes transplantados apresentam um risco de neoplasia 2 a 5 vezes superior ao da população em geral, pelo que carecem de uma vigilância apertada. Este caso é modelar pela rápida evolução e pelo desfecho, ressaltando- se que o impacto da terapêutica imunossupressora não poderá deixar de ser considerado na etiologia e progressão rampante das complicações registadas.


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