Resumo

Objetivos: Avaliar através de uma revisão sistemática a eficácia de soluções orais antisséticas pré-procedimentais na redução de carga viral de SARS-CoV- 2, para tentar minimizar o risco da transmissão viral e permitir aos profissionais de saúde e pacientes maior segurança durante procedimentos clínicos. Materiais e métodos: A revisão sistemática foi efetuada com base nas recomendações PRISMA através de uma pesquisa nas bases de dados PubMed, Scopus e Web of Science, com a combinação de palavras-chave: COVID- 19, SARS-CoV- 2, mouthwash, mouth rinse. Esta pesquisa foi realizada com a finalidade de responder à questão PICO ´Será eficaz o uso de soluções orais antimicrobianas como pré-procedimento clínico na redução de carga viral de SARS-CoV- 2 numa consulta de Medicina Dentária?´, respeitando os critérios de elegibilidade definidos. A seleção dos artigos, os dados recolhidos e a avaliação de risco de viés foram realizados por dois revisores (C.P e P.M) sendo também avaliada a qualidade dos artigos. Resultados: Dos 348 artigos identificados, foram selecionados 11. Foram testados a iodopovidona, peróxido de hidrogénio, cloreto de cetilpiridínio, entre outros produtos, através de recolha salivar pós bochecho, sendo este um procedimento rápido e não invasivo. Foram depois comparados valores de limiar de ciclo com grupos controlo ou a carga viral inicial e final obtida por análise RT-PCR, nos 2 estudos in vivo. Nos 9 estudos in vitro as metodologias variaram consoante o autor. Parece existir consenso entre os autores no que concerne a eficácia virucida da iodopovidona na redução de carga viral salivar, dado que apresenta valores de supressão viral superiores a 99,99%, tanto em estudos in vitro, com concentrações compreendidas entre 0,23% e 5% e tempos de incubação entre 15 a 120 segundos, como em estudos in vivo, com concentrações de 0,5% e tempos de bochecho de 30 segundos. O cloreto de cetilpiridínio apresenta concordância científica, contudo, devido à escassez de estudos, são necessárias precauções relativamente ao seu uso. A clorohexidina e o peróxido de hidrogénio apresentam resultados díspares sendo necessários mais estudos que consigam aferir a efetividade destes compostos. Conclusões: Apesar da necessidade de mais estudos, a iodopovidona reúne maior concordância científica relativamente à sua eficácia como solução oral antissética pré- procedimental em Medicina Dentária em concentrações de 0,5% e tempos de bochecho de 30 segundos.