Revista Portuguesa de Estomatologia, Medicina Dentária e Cirurgia Maxilofacial
XLI Congresso Anual da Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentária (SPEMD) 7, 8 e 9 de outubro de 2021 | 2021 | 62 (S1) | Page(s) 6-7
Casos Clínicos
#013 Carcinoma pavimento-celular: A próposito de um caso clínico
a Centro Hospitalar e Universitário Lisboa Central – Hospital de S. José, Centro Hospitalar e Universitário Lisboa Central – Hospital D. Estefania
Article Info
Rev Port Estomatol Med Dent Cir Maxilofac
Volume - 62
Supplement - S1
Casos Clínicos
Pages - 6-7
Go to Volume
Article History
Received on 07/10/2021
Accepted on 07/10/2021
Available Online on 07/01/2022
Keywords
Resumo
Introdução: O carcinoma pavimentocelular da cavidade oral corresponde a 80 a 95 % de todas as neoplasias orais. A língua é a localização mais frequente sendo os bordos laterais e os dois terços anteriores as regiões mais afetadas (25? 50% de todos os casos). A prevalência é maior no género masculino. Há capacidade de invasão local e de metastização. O consumo de álcool e tabaco constituem fatores de risco e a identificação do biomarcador p16, quando associada à deteção do vírus do papiloma humano, dá informação se é uma infeção oncogénica ativa, sendo também útil para se encontrar um tumor orofaríngeo primário. Descrição do caso clínico: Homem, 67 anos, residente em Moçambique, vem por lesão da mucosa jugal esquerda, ulcerada e com episódios de hemorragia ocasional, desde há 3 semanas. Antecedentes pessoais: ausência de consumos de tabaco ou álcool, hepatite C crónica obrigando a transplante hepático em 2000, Diabetes Mellitus insulinodependente. Apresentava tumefação de 4x3 cm, localizada na mucosa jugal esquerda com ulceração. Adenomegálias submandibulares e cervicais, dolorosas à palpação. No próprio dia, faz? se biópsia incisional da lesão. Resultado anatomopatológico: ´Carcinoma pavimentocelular bem diferenciado, queratinizado e com áreas de ulceração. Lesão interessa as margens (R1).” Estudo imunohistoquímico: P16 negativa. Sugeriu? se realizar, numa primeira fase, ecografia cervical e da tiroide. Infelizmente, o doente recusou o estadiamento. Discussão e conclusões: O cancro oral ocorre, geralmente, em área que se diria acessível ao observador externo e até ao próprio doente. No entanto é facto conhecido que, uma parte relevante destas neoplasias são diagnosticadas em estádio avançado, com subsequente impacto negativo na sobrevida. Nos estádios precoces do cancro oral a cirurgia é resolutiva e o prognóstico favorável. A quimioradioterapia adjuvante poderá estar indicada. Geralmente a quimioradioterapia isolada está reservada para doentes com tumores irressecáveis. A localização da lesão, apesar de menos frequente, é acessível ao observador sugerindo que o doente não tem cuidados dentários regulares. Também nos parece improvável o tempo de evolução apontado. O doente optou por gerir a sua doença em Moçambique pelo que lhe foi fornecida toda a informação clínica.