Resumo

Objetivos: Descrever a prevalência de hipossialia nos pacientes polimedicados, relacionando?a com variáveis sociodemográficas e dados clínicos da polimedicação. Materiais e métodos: Estudo transversal realizado numa amostra aleatória constituída por 40 indivíduos, de ambos os sexos e com idades entre 23 e 84 anos, que compareceram nas consultas de Medicina Dentária Preventiva e Comunitária entre fevereiro e março de 2020, na Clínica Dentária Egas Moniz. A recolha de dados foi feita através da aplicação de um questionário sobre variáveis sociodemográficas e questões de dados clínicos no âmbito da administração regular de, pelo menos, dois dos seguintes medicamentos: anticonvulsivantes, antidepressivos, antidiabéticos orais, anti? hipertensores e anti? histamínicos H1. Seguidamente efetuou? se a sialometria, para obtenção das taxas de fluxo salivar não estimulado e estimulado, considerando hipossialia quando a taxa de fluxo salivar não estimulado <0,1 mL/min e/ou taxa de fluxo salivar estimulado <0,7 mL/min. Os participantes assinaram o consentimento informado, garantindo? se a total confidencialidade dos dados. Os dados recolhidos neste estudo foram submetidos a uma análise estatística, pelos valores de prevalência, através do software IBM SPSS Statistics ® v.24. Resultados: A prevalência da hipossialia da amostra foi 50%, sendo mais prevalente no grupo ≥65 anos (27,5%), sexo feminino (27,5%), caucasiana (45%), escolaridade até ao 1.º Ciclo (20%), rendimento familiar mensal entre 1 e 2 salários mínimos nacionais (20%), reformados(as) (32,5%), casados( as)/união de facto (32,5%) e não fumadores (45%). Verificou? se a prevalência de hipossialia no grupo com administração concomitante de antidiabéticos orais e anti?hipertensores (20%), com combinação de 2 medicamentos (32,5%) e com um tempo de toma dos medicamentos >10 anos (20%). Não foi encontrada associação da prevalência de hipossialia com variáveis sociodemográficas (p >0,05), nem com os dados clínicos da polimedicação (p >0,05). Conclusões: Com este estudo foi possível observar que metade da amostra padece de hipossialia mas desconhece a sua repercussão na cavidade oral. Os resultados obtidos realçam a necessidade de se reforçar o diagnóstico precoce da hipossialia associada à polimedicação como um meio de promoção e prevenção de doenças orais futuras.