Resumo

Introdução: A parotidite recorrente juvenil é uma condição inflamatória da glândula parótida caracterizada por episódios recorrentes de dor e aumento não supurativo da glândula parótida unilateral ou bilateral. A causa exata ainda permanece desconhecida, embora malformações ductais congénitas, fatores genéticos, alterações imunológicas ou má oclusão dentária tenham sido sugeridos como possíveis fatores contribuintes. Descrição do caso clínico: Adolescente de 17 anos de idade, sexo masculino, é enviado à consulta de Estomatologia em setembro de 2019 por parotidites recorrentes, com início na infância, sempre concomitantes com episódios de infeções do trato respiratório superior. Estes episódios cursam com dor que exacerba com a alimentação, redução da quantidade salivar e cacogeusia, associando? se tumefação pré? auricular e sensação de pressão local, que alivia com a drenagem manual da glândula. A recorrência dos episódios tem se tornado mais infrequente, com redução do número de episódios por ano. No momento da consulta apresentava? se sem queixas. O exame objetivo apresentava?se normal. Realizou ecografia das glândulas salivares, destacando? se achados sugestivos de parotidite crónica. Foi observado pela especialidade de Reumatologia e pedido estudo analítico (inclusive anticorpos anti? SSA e anti? SSB e os níveis da enzima conversora da angiotensina que por sua vez apresentavam? se normais), não apresentando no momento critérios de patologia reumatológica inflamatória ou autoimune. Discussão e conclusões: A parotidite juvenil recorrente ocorre maioritariamente em rapazes, entre os 4 meses e os 15 anos de idade. O seu diagnóstico é baseado na história, estudo analítico para excluir outras condições patológicas nomeadamente, parotidite vírica, Síndrome de Sjögren e sarcoidose. Não existe um conjunto amplamente aceite de diretrizes para estabelecer o diagnóstico. Os testes analíticos recomendados incluem os anticorpos (anti?Ro/ SSA and anti? La/SSB) e a medição dos níveis da enzima conversora da angiotensina, que são normais na parotidite juvenil recorrente. A ecografia ajuda a suportar o diagnóstico, e é o teste de imagem inicial preferido. O tratamento das crises é sintomático, associando? se antibioterapia se se verificar sobreinfeção, e incentivando? se o reforço hídrico e massagem local de drenagem. Neste caso, o doente mantém? se em seguimento e vigilância periódica, recomendando? se reforço do aporte hídrico.