Resumo

Introdução: O lipoma é um tumor benigno de tecido adiposo e é a neoplasia mesenquimatosa mais comum do corpo humano, com 15?20% dos casos localizados na região da cabeça e pescoço, mas apenas 1?4% envolvendo a cavidade oral. Foi reportado pela primeira vez em 1848, por Roux, como uma ´epúlide amarela´. Os lipomas são tumores de crescimento benigno lento, submucosos, apresentando uma superfície lisa e coloração amarelada, sésseis ou pedunculados. Descrição caso clínico: Doente do sexo feminino de 39 anos, referenciada para o Serviço de Estomatologia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra por apresentar uma tumefação indolor na língua, com cerca de 2 meses de evolução e crescimento progressivo, que interfere com a mastigação e a fala. Sem quaisquer antecedentes patológicos relevantes. Ao exame objetivo apresenta lesão séssil na região lateral esquerda da língua, junto à sua base, com aproximadamente 2 cm de maior diâmetro, de aspeto liso e coloração amarelada, mole e indolor à palpação. Não se observam outras alterações de relevo. Sob anestesia local, foi realizada biópsia excisional da lesão: através de incisão longitudinal da mucosa superficial, com bisturi frio (lâmina n.º15), que expôs uma massa amarelada e regular, facilmente individualizada através de dissecção romba, permitindo uma resseção completa da mesma. A análise anatomo?patológica revelou tratar? se de uma massa de tecido adiposo maduro com septos hialinos delgados, parcialmente capsulado compatível com o diagnóstico de lipoma. Foram marcadas consultas subsequentes para remoção da sutura e vigilância. Discussão e conclusões: O lipoma intra? oral pode ocorrer em qualquer localização, sendo incomum na língua, pavimento oral e lábios. Clinicamente apresenta?se como uma massa assintomática, de coloração amarelada. Apesar desta apresentação característica, o seu diagnóstico diferencial inclui outras lesões benignas como fibroma traumático, tumor de células granulares, quisto dermóide, quisto epidermóide, quisto linfoepitelial ou mucocelo, pelo que a sua avaliação anatomo?patológica não pode ser subestimada. O tratamento standard destas lesões consiste na sua excisão cirúrgica, sendo a sua recidiva rara e não estando descritos casos de transformação maligna.