Resumo

Introdução: A incidência e a morbimortalidade das infeções de origem odontogénica diminuiu ao longo dos anos. Apesar de tudo, a maioria das infeções da cabeça e pescoço são de origem odontogénica e, se não tratadas devidamente, podem progredir para complicações potencialmente fatais. Este trabalho tem como objetivos a apresentação de um caso clínico de abcesso submandibular direito de origem odontogénica com necrose cutânea local e reforçar a importância de um diagnóstico e tratamento precoces. Descrição do caso clínico: Um homem saudável de 25 anos foi observado, no Serviço de Urgência do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, por tumefação submandibular direita com uma semana de evolução e agravamento súbito nos últimos dois dias, apesar da antibioticoterapia oral prescrita pelo médico assistente. Ao exame objetivo apresentava trismus, ligeira parésia do ramo marginal direito do nervo facial e celulite até à região supra? clavicular ipsilateral com área de necrose cutânea e drenagem espontânea de conteúdo purulento. Foi realizado alargamento da loca do abcesso, com lavagem e desinfeção. Realizou ortopantomografia que revelou dente 4.8 semi? incluso mesio?angulado impactado no 4.7 cariado e com reação peri?apical. Optou? se por internar o doente no serviço de Cirurgia Maxilo? Facial para realização de antibioticoterapia empírica e corticoterapia intravenosa, mecanoterapia e cuidados de penso com Aquacel e Hidrogel. Ao 9.º dia de internamento foi realizada, sob anestesia geral, extração simples de 4.7 e 4.8 e desbridamento da ferida cervical com avivamento dos bordos de pele, descolamento e encerramento cutâneo. Teve alta ao 12.º dia de internamento, melhorado e com boa evolução cicatricial. Discussão e conclusões: As infeções odontogénicas, geralmente, são infeções localizadas secundárias a cáries, doenças periodontais e pulpites. Se não tratadas devidamente, e sobretudo na presença de fatores que comprometam o sistema imunitário, podem progredir para formas mais complicadas que, embora raras, podem ser potencialmente fatais. Para evitar casos mais graves, é fundamental não só uma avaliação clínica completa mas também um tratamento precoce e adequado que previna essa disseminação e promova a sua resolução.