Resumo

Introdução: Usualmente associadas ao trauma dentário, as lesões dos tecidos moles orais e periorais afetam predominantemente os lábios e periodonto. Outras estruturas comumente afetadas são a língua, freios e vestíbulo. É, assim, da maior importância, perante feridas incisas profundas, descartar a presença de corpos estranhos através de um exame cuidadoso. Descrição de caso clínico: Mulher, 66 anos, referenciada ao Serviço de Urgência por queda da própria altura com traumatismo facial e dentário, assim como ferida inciso? contusa do lábio inferior e região mentoniana. Ao exame clínico apresentava? se consciente, colaborante e com exame neurológico normal. Ao exame estomatológico observava? se exuberante edema e laceração do lábio inferior, já suturada. Exibia, ainda, fratura tipo chipping de coroas metalo? cerâmicas dos dentes 11, 21 e 22, com concussão e sem mobilidade. Foi realizada uma radiografia intra? oral do lábio inferior onde foram detetados elementos radiopacos, compatíveis com fragmentos das coroas dentárias. Optou? se pela remoção dos pontos de sutura existentes, seguida da exploração e limpeza cirúrgica da ferida, com posterior rafia com fio reabsorvível 4.0. Foi realizada consulta de revisão à primeira, quarta e oitava semana, não se tendo registado quaisquer intercorrências e com um resultado estético e funcional final bastante satisfatório. Durante este período a doente foi igualmente seguida pelo seu médico dentista, estando proposta para reabilitação oral. Discussão e conclusões: As lacerações labiais de pequena dimensão curam espontaneamente e não requerem intervenção. Por outro lado, as feridas profundas nos tecidos devem ser reparadas respeitando e repondo a anatomia prévia. Este caso ilustra a importância de seguir as Dental Trauma Guidelines da International Association of Dental Traumatology após qualquer tipo de fratura dentária, sendo impreterível a realização de uma radiografia aos tecidos moles para exclusão da existência de fragmentos dentários ou corpos estranhos.