Revista Portuguesa de Estomatologia, Medicina Dentária e Cirurgia Maxilofacial
2.º Congresso da Sociedade Portuguesa de Endodontologia Coimbra, 31 de maio e 1 de junho de 2019 | 2019 | 60 (S1) | Page(s) 84
Revisão
SPE#25 – Descoloração dentária por cimentos de silicato de cálcio em endodontia regenerativa
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Rev Port Estomatol Med Dent Cir Maxilofac
Volume - 60
Supplement - S1
Revisão
Pages - 84
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Article History
Received on 18/12/2019
Accepted on 18/12/2019
Available Online on 18/12/2019
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Resumo
Objetivo: Elaborar uma revisão sobre a descoloração dentária associada à utilização de cimentos de silicato de cálcio em procedimentos regenerativos, abordando a respetiva etiologia e prevenção. Métodos: Foi efetuada uma pesquisa bibliográfica na base de dados Pubmed, recorrendo à seguinte fórmula de pesquisa: “tooth discoloration”AND“endodontics”. A metodologia utilizada originou a obtenção inicial de 268 artigos. Após leitura dos respetivos títulos e abstracts, foram selecionados 19 artigos; depois da leitura integral, 1 artigo foi eliminado. Por referências cruzadas, foram adicionados 6 artigos, perfazendo um total de 24 referências. Resultados: A endodontia regenerativa é uma área em desenvolvimento, que permite o tratamento de dentes permanentes imaturos e conduz frequentemente à maturação radicular. Contudo, a descoloração dentária constitui uma consequência indesejável desta abordagem terapêutica. A descoloração dentária associada ao tratamento endodôntico está descrita na literatura e apresenta etiologia multifatorial. A escolha dos materiais a utilizar deve considerar não só aspetos funcionais e biológicos, mas também estéticos. À luz da literatura atual, existem várias hipóteses potencialmente explicativas da alteração de cor subsequente a procedimentos regenerativos. Estudos demonstram que o MTA, contendo óxido de bismuto na sua composição, exibe menor estabilidade de cor comparativamente com o Biodentine e cimento de Portland. O contacto do MTA com agentes oxidantes fortes (hipoclorito de sódio e colagénio dentinário) resulta na formação de precipitados escuros e consequente alteração de cor. A contaminação do biomaterial por sangue constitui um possível fator de exacerbação da descoloração. Conclusões: A evidência científica disponível aponta como possíveis medidas para redução e/ou prevenção da descoloração dentária associada a biocerâmicos: a aplicação de um agente adesivo previamente à execução de procedimentos regenerativos; a utilização preferencial de um biomaterial que não apresente óxido de bismuto como agente radiopacificador; a manutenção da smear-layer de modo a reduzir a permeabilidade dentinária; a promoção de uma adequada hemóstase e estabilização do coágulo sanguíneo. Conhecendo o potencial de descoloração associado aos diferentes cimentos de silicato de cálcio, a aplicação de medidas preventivas aquando da realização de procedimentos endodônticos regenerativos é crucial para evitar o aparecimento de descoloração.