Revista Portuguesa de Estomatologia, Medicina Dentária e Cirurgia Maxilofacial
SPEMD - XXXIX Congresso Anual da Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentária (SPEMD) - O Congresso do Centenário Porto, 18 e 19 de outubro de 2019 | 2019 | 60 (S1) | Page(s) 3
Casos Clínicos
#005 Parésia Facial Periférica Após Bloqueio do Nervo Alveolar Inferior
Article Info
Rev Port Estomatol Med Dent Cir Maxilofac
Volume - 60
Supplement - S1
Casos Clínicos
Pages - 3
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Article History
Received on 18/12/2019
Accepted on 18/12/2019
Available Online on 18/12/2019
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Resumo
Introdução: O bloqueio do nervo alveolar inferior é uma técnica de anestesia regional amplamente utilizada em procedimentos estomatológicos. O caso clínico descreve o desenvolvimento imediato de uma parésia facial periférica, após a realização de bloqueio do nervo alveolar inferior num contexto de extracção dentária. Descrição do caso clínico: Uma mulher saudável de 26 anos com história de pericoronarites de repetição do terceiro molar mandibular esquerdo apresentou- se numa consulta para a extracção do mesmo. Foi realizado um bloqueio do nervo alveolar inferior através da injecção de uma solução de cloridrato de mepivacaína 3% num volume total de 1.7 mL com uma agulha de 38 mm em aspiração. A anestesia foi eficaz, tendo a extracção dentária decorrido sem complicações. Imediatamente após o procedimento a doente queixou- se de fraqueza muscular da hemiface esquerda. Observou? se incapacidade em realizar oclusão da fenda palpebral esquerda, obliteração da prega nasolabial e das pregas frontais à esquerda e desvio da comissura labial para a direita. A doente foi mantida em observação, tendo? se verificado uma resolução progressiva ao longo de 3 horas. Foi feita uma reavaliação no dia seguinte e após 2 semanas, tendo? se verificado uma normalização completa da mímica facial. Discussão e conclusões: O desenvolvimento de parésia facial periférica após a realização de um bloqueio do nervo alveolar inferior é uma complicação rara, que se pode verificar imediata ou tardiamente. A parésia imediata resulta do envolvimento do nervo facial no tecido parotídeo. Uma injecção demasiado profunda pode levar à inoculação de anestésico no lobo profundo da parótida, com disseminação da solução anestésica para os ramos do nervo facial. Nestes casos é expectável a recuperação da mímica facial decorrido o tempo de acção da solução anestésica, como se verificou no caso descrito. Ainda assim, é essencial realizar o seguimento do doente até que ocorra recuperação total. A persistência de parésia ou um desenvolvimento tardio da mesma podem estar associados a outros mecanismos de lesão do nervo facial, merecendo uma investigação cuidada e tratamento de acordo com as causas. O objectivo da descrição deste caso é alertar para a possibilidade desta intercorrência rara num procedimento habitual, e reforçar a importância de tranquilizar o doente, explicando a evolução natural do quadro e verificando a resolução do mesmo.