Resumo

Objetivos: Na avaliação dos resultados do tratamento ortodôntico, normalmente, as sobreposições a nível da base do crânio permitem obter uma visão de conjunto sem, contudo, objetivar se as alterações foram produzidas pelo crescimento ou pelo tratamento. Em fase de crescimento, somente as sobreposições estruturais são consideradas válidas, constituindo a sobreposição geral de Björk o gold standard. Em adultos, os outros procedimentos, nomeadamente os lineares, são aceites como igualmente válidos. Esta investigação teve como intuito identificar a sobreposição geral preferencialmente usada pelos ortodontistas na avaliação dos resultados do tratamento ortodôntico bem como entender se houve uma escolha diferenciada para casos com e sem crescimento. Materiais e métodos: A amostra, com 162 elementos, englobou todos os artigos incluídos na rubrica case reports, das revistas do American Journal of Orthodontics and Dentofacial Orthopedics, publicadas entre 2012 e 2016, inclusive, bem como no primeiro semestre de 2017 (volume 151). Na análise estatística dos dados, utilizou-se o programa IBM® SPSS® Statistics, versão 24. O teste de independência do Qui-quadrado foi o usado no estudo analítico da relação entre as duas variáveis qualitativas (p=0,05). Resultados: Dos 162 artigos clínicos examinados, 92,6% apresentavam sobreposições cefalométricas bidimensionais (2D), gerais. Em 87 dos artigos com sobreposições da base do crânio desconhece-se o método utilizado. Nos restantes 63, as sobreposições lineares foram as mais frequentemente usadas (82,5%). Das lineares (n=52), a mais prevalente foi a realizada no plano selanásion, em sela (82,7%), perfazendo um total de 27 adultos e 16 crianças, respetivamente. A sobreposição estrutural de Björk foi realizada em 1 caso. Em dois casos, a sobreposição geral foi identificada como estrutural, contudo desconhece-se se o método foi o de Björk. Não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas quanto ao método selecionado nos casos com e sem crescimento. Conclusões: A sobreposição linear no plano selanásion, em sela, foi a mais frequentemente utilizada. Não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas quanto ao método selecionado nos casos com e sem crescimento, contrariamente ao que seria expectável, tendo em conta a evidência científica.