Resumo

Objetivos: A Cárie Precoce da Infância relaciona-se com fatores socioeconómicos, comportamentos de higiene oral e alimentares. Dado o reduzido conhecimento da prevalência de cárie na população pré-escolar portuguesa é de interesse conhecer a distribuição desta doença, bem como os seus determinantes. Pretendeu-se conhecer a prevalência e gravidade de cárie, o nível de higiene oral e os seus fatores associados numa população pré-escolar, com idade entre os 3 aos 5 anos, do concelho de Lisboa. Materiais e métodos: Foi realizado um estudo observacional e transversal, no qual foi aplicado um questionário aos encarregados de educação e uma observação intraoral às crianças. O questionário recolheu informação sobre os comportamentos relacionados com a saúde oral. A observação intraoral foi realizada por um observador calibrado e recolheu informação sobre a cárie e o nível de higiene oral. Para o diagnóstico de cárie foram utilizados os critérios do International Caries Detection and Assessment System II e para a determinação do nível de higiene oral foram usados os critérios do Índice de Higiene Oral Simplificado. Na análise estatística foram utilizados os testes Qui-quadrado, Mann-Whitney e Kruskall-Wallis (α=0,05). Resultados: A amostra foi constituída por 89 crianças com uma média de idades de 3,73 anos. A prevalência de cárie foi 28,7% e o cA-6pod médio foi 1,17 (dp=2,64). A proporção de dentes sem tratamento foi de 88%. A maioria das crianças apresentou um nível de higiene oral razoável (65,1%). Os principais fatores estatisticamente associados à Cárie Precoce da Infância foram a idade, a ordem de nascimento, a frequência da visita ao profissional de saúde oral, a ajuda e supervisão dos pais durante a escovagem e o nível de higiene oral. O nível de higiene oral relacionou-se com a escovagem bidiária, com o nível de instrução da mãe e com a respiração oral da criança. Conclusões: Os indicadores de saúde oral nesta população revelaram-se, de um modo geral, favoráveis revelando uma baixa gravidade de cárie. Contudo, verificou-se uma elevada percentagem de dentes decíduos cariados e sem tratamento. Devem ser priorizadas ações de promoção da saúde oral e delineadas estratégias preventivas, em especial aos indivíduos de maior risco.