Revista Portuguesa de Estomatologia, Medicina Dentária e Cirurgia Maxilofacial
XXXVIII Congresso Anual da Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentária (SPEMD) Lisboa, 12 e 13 de outubro de 2018 | 2018 | 59 (S1) | Page(s) 19
Casos Clínicos
#048 Placa Branca Localizada na Face Ventral da Língua
Article Info
Rev Port Estomatol Med Dent Cir Maxilofac
Volume - 59
Supplement - S1
Casos Clínicos
Pages - 19
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Article History
Received on 30/11/2018
Accepted on 30/11/2018
Available Online on 30/11/2018
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Resumo
Introdução: Qualquer placa branca localizada na mucosa oral que não possa associar-se a fator etiológico conhecido é classificada como leucoplasia, e como tal, tem potencial de malignização devendo ser eliminada cirurgicamente. O diagnóstico diferencial com Líquen em placas e com Candidíase hiperplásica, cuja apresentação clínica é idêntica, só pode ser feito através de exame anátomo-patológico que permitirá chegar ao diagnóstico definitivo. Descrição do caso clínico: IMFN, feminino, 60 anos Deslocou-se à FMDUP com queixa de sensação de rugosidade na face ventral da língua. Ao exame clínico tratava-se de uma placa branca não removível por raspagem, localizada na face ventral da língua do lado esquerdo, com 1 cm de comprimento. Foi feita biópsia excisional com margem de segurança de 3 mm. O diagnóstico clínico foi de leucoplasia homogénea, tendo como diagnósticos diferenciais líquen em placas e candidíase hiperplásica. O resultado do exame histológico foi hiperqueratose com paraqueratose e acantose. Estas caraterísticas interpretadas macroscopicamente são responsáveis pelo espessamento do epitélio que se traduz clinicamente por placa branca. O epitélio apresentava vacuolização celular do tipo coilocítico nas camadas superficiais fazendo suspeitar de infeção vírica. O córion tinha infiltrado linfocítico discreto e focal. A pesquisa para Cândida albicans foi negativa. Os aspetos descritos na histologia são sugestivos de leucoplasia pilosa pelo que se realizou exame imunohitoquimico que resultou negativo para o Vírus Epstein Barr descartando o diagnóstico de língua pilosa. As imagens clínicas de líquen intraoral são patognomónicas não só pelas estrias de Wickam como também pelas placas brancas localizadas na face dorsal da língua. Neste caso só se observava uma placa branca unitária sem trauma associado e sem as imagens caraterísticas do líquen plano. O facto de não existir infiltrado inflamatório em banda e não haver degeneração liquenoide da membrana basal reforçou a exclusão de líquen. Por outro lado, não tendo sido detetadas hifas de Cândida albicans, esta hipótese foi posta de lado. A outra hipótese que se colocava era a de leucoplasia pilosa cuja apresentação clínica era compatível, mas o facto da pesquisa ser negativa para vírus Epstein Barr não sustentou o diagnóstico clínico. O diagnóstico final, por exclusão de partes, foi leucoplasia homogénea sem displasia celular. Neste caso o tratamento consistiu na exérese cirúrgica da placa e controlo 6 em 6 meses.