Revista Portuguesa de Estomatologia, Medicina Dentária e Cirurgia Maxilofacial
XXXVIII Congresso Anual da Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentária (SPEMD) Lisboa, 12 e 13 de outubro de 2018 | 2018 | 59 (S1) | Page(s) 10-11
Casos Clínicos
#024 Sialólito gigante do ducto de Wharton – a propósito de um caso clínico
Article Info
Rev Port Estomatol Med Dent Cir Maxilofac
Volume - 59
Supplement - S1
Casos Clínicos
Pages - 10-11
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Article History
Received on 30/11/2018
Accepted on 30/11/2018
Available Online on 30/11/2018
Keywords
Resumo
Introdução: A sialolitíase é a patologia mais comum das glândulas salivares na idade adulta, caracterizando-se pela formação intraglandular ou intraductal de sialólitos. Estes apresentam uma prevalência aproximada de 1,2% na população geral, acometendo mais o sexo masculino (numa proporção de 2:1) e pessoas entre a 3.ª e 6.ª décadas de vida. Topograficamente, exibem predilecção pela glândula e ducto submandibulares (80-90%). Apresentam-se em dimensões variáveis (1-14 mm), sendo considerados sialólitos gigantes quando têm dimensões >15mm e peso >1g. A clínica clássica consiste numa tumefação dolorosa da glândula afectada aquando das refeições. Os sialólitos gigantes são raros e pouco relatados na literatura. Este trabalho tem como objectivo relatar um caso de sialoadenite submandibular, associado a um sialólito gigante do ducto de Wharton, removido cirurgicamente por via transoral. Descrição do caso clínico: Doente do sexo feminino, 47 anos, sem antecedentes relevantes, referenciada para o Serviço de Cirurgia Maxilo-Facial e Estomatologia por dor e tumefação episódicas na região submandibular direita com 2 meses de evolução. Do exame objectivo destacavam-se os seguintes achados: tumefação dolorosa da região submandibular direita e massa palpável intra-oralmente, compatível com sialólito do ducto de Wharton. Posteriormente, estes achados foram confirmados com ortopantomografia. Foram discutidas várias modalidades terapêuticas com a doente, optando-se por sialolitotomia transoral, sob anestesia local, com exérese de sialólito de 17x4 mm, que decorreu sem intercorrências. No follow-up até aos 24 meses manteve-se sempre assintomática. Discussão e conclusões: A abordagem terapêutica da sialolitíase deve procurar, sempre que possível, a preservação da função da glândula. Se é consensual uma abordagem conservadora nos sialólitos de menores dimensões, no que respeita aos sialólitos gigantes a literatura diverge, havendo autores que defendem o recurso a técnicas minimamente invasivas (por exemplo: sialoendoscopia), enquanto outros preconizam uma abordagem mais agressiva (sialolitotomia transoral e/ou sialadenectomia. Neste caso, pelo sialólito apresentar localização relativamente favorável, decidiu-se realizar sialolitotomia por via transoral, com resolução completa da sintomatologia. Assim, a sialolitotomia por via transoral, em casos cuidadosamente seleccionados, apresenta-se como uma técnica cirúrgica válida na abordagem terapêutica de sialólitos gigantes.