Resumo

Introdução: A sialolitíase é uma condição médica que afeta as glândulas salivares, pela presença de cálculos salivares, com maior frequência nas glândulas parótida e submandibular. Ocorre quando minerais (cálcio e fosfato) se acumulam e cristalizam no interior dos ductos salivares, resultando num processo obstrutivo que impede a normal fluência salivar. Clinicamente, caracteriza-se por dor e edema, queixas que aumentam durante as refeições. A presença de um cálculo obstrutivo e a consequente estase salivar a montante, pode predispor a um processo infeccioso e agravar o quadro clínico. A radiografia panorâmica, ecografia e/ou tomografia computadorizada são meios de diagnóstico de eleição. Descrição do caso clínico: Homem, 58 anos e duplamente antiagregado, seguido em consulta externa de Estomatologia para evicção de focos infecciosos da cavidade oral. Assintomático, mas à observação intraoral, apresentava um nódulo na região anterior da mucosa jugal direita, próximo à comissura labial ipsilateral, com cerca de 0,5 x 0,5 cm, indolor, de consistência mole, limites bem definidos, bordos regulares, móvel em relação aos planos profundos, e drenagem purulenta moderada à palpação. Negava trauma local, febre, edema de face e pescoço, assimetrias ou tumefações. Assumiu-se abcesso de glândula salivar minor. Fez-se OPG e ecografia, sem presença de cálculos. Optou-se por medicar com antibioterapia e medidas locais 22 rev port estomatol med dent cir maxilofac. 2023;64(S1):1-53 (massagem, reforço da ingestão hídrica). Um mês depois, a lesão persistia. Optou-se por biopsia excisional da lesão, com diagnóstico anatomopatológico de sialolitíase de glândula salivar minor. Discussão e conclusões: Segundo a literatura, a distribuição de cálculos de glândulas salivares ronda os 60% na glândula submandibular, em contraste com a afeção de aproximadamente 20% nas glândulas parótida e sublingual. A maioria tem geralmente cerca de 5 mm de diâmetro e, quando têm acima de 10 mm, devem ser relatadas como um cálculo de tamanho incomum. Embora a sialolitíase geralmente não seja considerada uma condição grave, pode ter um impacto significativo na qualidade de vida do doente, pela presença de dor e desconforto persistentes e, ainda, pelo compromisso das funções da mastigação e da deglutição. Assim, é essencial proceder ao exame clínico minucioso, complementado por técnicas de imagem. O tratamento poderá passar por uma abordagem conservadora, ou, em casos de presença de sialolitos de maiores dimensões, pela combinação de sialolitotomia combinada com antibioterapia.