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Revista Portuguesa de Estomatologia, Medicina Dentária e Cirurgia Maxilofacial

XLIII Congresso Anual da Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentária (SPEMD) Oeiras, 13 a 14 de outubro de 2023 | 2023 | 64 (S1) | Page(s) 22


#050 Carbamazepina, de modulador da dor a fator causal de reação liquenóide tóxica: case report





Volume - 64
Supplement - S1

Pages - 22
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Received on 13/10/2023
Accepted on 13/10/2023
Available Online on 13/10/2023


Introdução: A etiologia da reação liquenóide a fármacos ainda não é totalmente compreendida e a sua incidência é desconhecida. No entanto, é apontada uma relação causa efeito com a introdução de determinado fármaco e o aparecimento de lesões, sendo que o intervalo de tempo até ao aparecimento destas pode variar desde alguns dias até vários anos. Usualmente afeta a pele, sendo a mucosa oral raramente afetada. São vários os fármacos associados à presença de reação liquenóide, de entre eles salientam-se os inibidores de enzima de conversão da angiotensina, os anticonvulsivantes, antiretrovíricos e anti-inflamatórios não esteroides. Descrição do caso clínico: Mulher de 64 anos, com antecedentes de HIV, porfiria, depressão, com diagnóstico de síndrome de boca ardente e nevralgia do trigémeo em seguimento há cerca de 15 anos. Referenciada à consulta de Estomatologia por dor orofacial e síndrome da boca ardente sem controlo álgico. Ao exame objetivo apresentava lesões erosivas no 1º e 2º quadrante e dor à palpação dos músculos da mastigação com identificação de múltiplos pontos-gatilho. Atribui-se o diagnóstico de Disfunção Temporomandibular Miofascial descartando-se a hipótese de Nevralgia do trigémio. Iniciou medidas terapêuticas direcionadas à Disfunção Temporomandibular e fez-se biópsia das lesões para estudo anatomopatológico, que revelou uma Estomatite Liquenóide, colocando-se a hipótese de eventual etiologia tóxica. Após discussão com a Neurologia para contextualizar a situação, parou a toma de Carbamazepina e fez tratamento tópico oral com betametasona, com resolução das lesões e melhoria do ardor bucal. A dor miofascial melhorou com o tratamento conservador direcionado. Discussão e conclusões: A existência de diversas patologias e suas terapêuticas implicam uma abordagem holística e multidisciplinar de cada doente, contribuindo para a complexidade do diagnóstico destas lesões orais. Assim, pretende-se salientar a importância da discussão multidisciplinar e da não estanquicidade de um diagnóstico. Neste caso, foi possível enquadrar a dor orofacial num quadro de Disfunção Temporomandibular Miofascial, revendo o diagnóstico prévio de nevralgia do trigémeo. Também o diagnóstico de Síndrome da boca ardente foi colocado em causa por apresentar lesões na cavidade oral que foram concordantes com reação liquenóide. A suspensão da Carbamazepina culminou na melhoria das lesões orais e da sintomatologia associada.


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