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Revista Portuguesa de Estomatologia, Medicina Dentária e Cirurgia Maxilofacial

SPEMD - XXXIX Congresso Anual da Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentária (SPEMD) - O Congresso do Centenário Porto, 18 e 19 de outubro de 2019 | 2019 | 60 (S1) | Page(s) 12


Casos Clínicos

#027 Abcesso cerebral de origem odontogénica – um diagnóstico difícil





Volume - 60
Supplement - S1
Casos Clínicos
Pages - 12
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Received on 18/12/2019
Accepted on 18/12/2019
Available Online on 18/12/2019


Introdução: As infeções de origem odontogénica têm sido ocasionalmente associadas ao surgimento de abcessos cerebrais. Apesar de raras são condições com risco de vida. Existem várias situações que podem estar associadas, como a gengivite, periodontite e também procedimentos dentários como extrações, tratamentos endodônticos e cirurgia oral. No entanto pode não existir história prévia de procedimentos na cavidade oral ou o doente não apresentar queixas álgicas de origem dentária. Descrição do caso clínico: Doente 46 anos, sexo masculino, previamente saudável, com cefaleia frontal esquerda com 6 dias de evolução e agravamento progressivo, com episódios recorrentes de confusão. Nega história de trauma e outras queixas, com apirexia mantida. Realizou Tomografia Axial Computorizada Crânio-Encefálica e posteriormente Ressonância Magnética que revelou lesão expansiva intra-axial temporal esquerda com cerca de 45x24mm, com efeito de massa sobre o ventrículo lateral esquerdo e discreto desvio direito da linha média, imagem esta sugestiva de abcesso temporal esquerdo. Analiticamente apresentava apenas Proteína C Reactiva de 2.89mg/dL. Foi feita drenagem imediata de coleção abcedada e o isolamento microbiológico do produto colhido identificou Streptococcus constellatus e Fusobacterium nucleatum. Iniciou tratamento empírico com antibiótico. Durante o internamento realizou ortopantomografia que revelou um quisto periapical em relação com 16, tendo-se efetuado extração do dente. Discussão e conclusões: Para o diagnóstico de abcesso cerebral de origem odontogénica devem ser excluídos outros focos de bacteriémia, os microorganismos isolados devem ser característicos da cavidade oral e presença de sinais clínicos e radiográficos de patologia de origem dentária ou periodontal. A via hematogénica é considerada o principal mecanismo fisiopatológico de disseminação, e prova disso é a ausência de predileção na lateralidade dos focos odontogénicos. No entanto esta disseminação também pode ocorrer por contiguidade ou drenagem venosa. O presente caso mostra a importância do isolamento microbiológico e a identificação e exclusão de causas possíveis para o abcesso cerebral, bem como o tratamento atempado desta patologia que pode ser fatal se não tratada devidamente. Neste caso o isolamento do F. nucleatum reporta-nos para patologia dentária pela sua frequência habitual. Também estão descritas melhoras clínicas após eliminação dos focos dentários da cavidade oral.


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