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Revista Portuguesa de Estomatologia, Medicina Dentária e Cirurgia Maxilofacial

SPEMD - XXXIX Congresso Anual da Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentária (SPEMD) - O Congresso do Centenário Porto, 18 e 19 de outubro de 2019 | 2019 | 60 (S1) | Page(s) 5


Casos Clínicos

#011 Streptococcus viridans: quando agentes comensais se tornam patogénicos





Volume - 60
Supplement - S1
Casos Clínicos
Pages - 5
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Received on 18/12/2019
Accepted on 18/12/2019
Available Online on 18/12/2019


Introdução: As espécies Streptococcus correspondem a bactérias coco Gram-positivas, comensais na cavidade oral. Encontram? se divididas em grupos filogenéticos, de entre os quais o grupo viridans, que inclui as subespécies salivarius e mitis. O peritoneu é uma membrana serosa que envolve a cavidade e orgãos abdominais, e é usado pela diálise peritoneal (DP) como um filtro natural para tratar insuficientes renais em fase terminal. A peritonite é uma das principais complicações relacionadas com DP, com 10-15% por infecção a Streptococcus. A entrada de Streptococcus no peritoneu ocorre por translocação de bactérias gastrointestinais e pela disseminação hematogénica com possível ponto de partida na cavidade oral. O diagnóstico de peritonite é clínico, caracterizando-se por dor abdominal e/ou efluente da diálise turvo, e laboratorial, pela presença de leucocitose superior a 100/mL, com excesso de leucócitos polimorfonucleares e, ainda, por culturas ou coloração Gram positivas. A pedra basilar no tratamento desta entidade é a antibioterapia empírica, com ajuste posterior, na sequência dos testes de sensibilidade antimicrobiana. Descrição do caso clínico: Mulher, 67 anos, observada em consulta de Estomatologia após 3 peritonites com possível ponto de partida oral, pelo isolamento de Streptococcus salivarius e mitis. Encontrava-se em DP por doença renal terminal. Em todos os episódios, procedeu-se a terapêutica antibiótica empírica com Vancomicina e Ceftazidima intraperitoneais, com resolução do quadro. Após a evicção de focos sépticos orais, o controlo da placa bacteriana e o reforço das medidas de higiene oral, a doente não teve qualquer outro episódio de peritonite. Discussão e conclusões: A microbiota oral é altamente complexa e diversificada, contendo centenas de espécies bacterianas. Inclui-se o grupo viridans, formado por agentes comensais que podem tornar-se patogénicos após mudanças no ambiente da cavidade oral. Perante casos de peritonite por Streptococcus viridans, revela-se fulcral a avaliação do status oral do indivíduo. Em caso de falência terapêutica, pelo risco de morte do doente, opta-se por substituir a diálise peritoneal – processo realizado em ambulatório – por hemodiálise, comprometendo a autonomia e bem-estar do doente. Este caso enfatiza a importância da eliminação dos focos sépticos da cavidade oral, com especial enfoque em doentes com fatores predisponentes de colonização bacteriana, como a DP.


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